Poema tridimensional

No âmbito da actividade “Poesia Visual” realizada na escola, os alunos foram convidados a ilustrar um poema à sua escolha. Essas ilustrações deveriam representar o significado atribuído por cada um deles existindo total liberdade na escolha dos materiais plásticos.
Baseado nesta actividade, o Clube de Geometria apresentou uma proposta de continuidade do exercício, que o vinculasse a algo tridimensional, e em simultâneo trabalhasse outras competências através da mobilização de diferentes recursos. Assim, foi proposta a construção de uma maquete que representasse a retórica visual em três dimensões. A partir da maquete, os alunos elaboraram registos gráficos rigorosos, a uma escala facultativa e representaram uma planta e um alçado da peça.
Com esta actividade, pretendeu-se que os alunos interpretassem uma narrativa poética nas diferentes linguagens visuais, usassem a expressão plástica como uma arte narrativa, compreendessem e aplicassem com sucesso, o discurso criativo através de figuras da retórica visual. Em simultâneo saber usar técnicas e processos adequados à execução de maquetes tridimensionais.


“Este poema chama-se uma casa”
Para o Joaquim Oliveira Caetano

Este poema escrevo-o para ter tempo de habitar uma casa
Moldar algum barro tocar algumas palavras
Este poema chama-se uma casa
Tem uma porta grossa para transpor devagar
Uma cama antiquíssima e uma hora de calma
Algum calor no ar
Este poema escrevo-o para erguer quatro muros espessos
É uma casa com uma mesa imensa e um pão quente
e o tempo de me habituar
este poema chama-se mágoa e nos seus lábios
eu chamo-me as palavras que te chamam e nos chamam
os muros de uma casa a respirar

Miguel Serras Pereira





Maquete de António Pontes


Desenhamos a solidão
Sobre a paisagem antiga
Um piano ao fundo
E lenços brancos
A enfeitar o horizonte
É o sonho.

Luís Silva



Maquete de Ricardo Sarmento