Introdução
Egipto 2000 a.C
Nomearam-se os “agrimensores” ou “esticadores de corda”, que restabeleciam as fronteiras, dividindo os lotes em rectângulos ou triângulos. É então daqui que parte a origem etimológica da palavra “geometria” que deriva do grego.
GEOMETREIN – MEDIÇAO DA TERRA
GEO – TERRA
METREIN – MEDIR
Numa perspectiva sociológica da geometria, quanto mais civilizada é uma sociedade, mais geometrizadas são as suas relações sociais, as suas cidades e a ordenação do território.
Existem desde a altura de 2000 a.C. dois papiros muito importantes na história da geometria:
Papiro de Rhind – Papiro informativo que apresenta dados sobre trigonometria, aritmética, equações, área de volume.
Grécia séc. VII a.C.
Encaravam a geometria de duas vertentes, uma mais prática e outra mais contemplativa. A contemplativa – a actividade do pensamento era personificada pela figura feminina. A prática, associada às leis e ao racional, era associada à figura masculina.
A geometria dos gregos era fortemente influenciada por considerações filosóficas, estéticas, religiosas, que via a perfeição em tudo o que era circular. Tudo o que não fosse circular seria associado ao corpo humano. A palavra Polígono significaria "muitos joelhos" e Isósceles significaria "Pernas iguais".
Tales de Mileto (624 – 546 a.C.) – O grande impulsionador da geometria. Das suas principais proposições destaca-se a demonstração da altura da pirâmide através da sua sombra.
Pitágoras (570 – 495 a.C.) – Além do seu principal legado – “Teorema de Pitágoras”, trabalha na geometria espacial com os elementos cubo, esfera, tetraedro e octaecaedro.
Platão (427 – 347 a.C) – Profundo admirador de proporção e geometria. Escreve o “Timeu” em 400 a.C. explicando a origem do universo através de 5 figuras cósmicas perfeitas.
Ar – octaedro
Fogo – tetraedro
Universo – dodecaedro
Terra – cubo
Água – icosaedro
Apolónio de Perga (262 – 190 a.C) – Considerado o “Grande Geómetra”. A sua principal obra “As cónicas”, é considerada por muitos o ponto máximo da geometria grega.
Traçados lineares
Foi pedido aos alunos a elaboração de uma composição aleatória e monocromática com base nas formas elementares da geometria. Assim, com base em traçados lineares criaram uma superfície A3 geometricamente organizada, recorrendo ao compasso ou outros recursos que considerassem relevantes, explorando sobretudo a sobreposição de elementos visuais. Após a sua conclusão, pintaram aguns dos espaços deixando outros em branco.
A geometria como elemento organizador de formas, ganha aqui uma nova dimensão, através da sua associação com o factor aleatório que se destaca como elemento potenciador de criatividade. A linha e a mancha são os elementos visuais trabalhados como meio expressivo.
Marcador preto sobre papel A3
Dar cor à sala 3
A Sala 3
A “Sala 3” é uma actividade que procura homengear o espaço que deu sentido a todas estas actividades. Foi proposta a sua representação rigorosa, que incluiu uma planta e dois alçados à escala 1:50, e através deles a construção de uma maquete tridimensional. Os alunos fizeram um levantamento arquitectónico em conjunto, registando as dimensões das paredes, janelas, portas, pilares, para depois organizarem e exporem a informação segundo uma metodologia projectual. Aqui fica a maquete.
Jardim da Música
A partir deste tema, os alunos teriam de projectar equipamentos para pertencer a um dos espaços verdes da escola, podendo optar entre bancos, candeeiros, mini-bar, esculturas, entre outros que considerassem úteis para a promoção de uma zona de bem estar. Foram várias as influências que estiveram na base da criação das peças. As “pautas de música” e a “voluta de um Stradivarius”, começavam lentamente a transformar-se em mini bar, banco, mesa, projectados ao som do álbum “Sense Geometry” de Vladimir Hirsch e ao som dos “Variable Geometry Orchestra” Com este exercício os alunos compreenderam os significados das formas visuais que associam arte, música e espaço urbano e, em simultâneo, compreenderam as relações do homem com o espaço e objectos, através da proporção escala, antropometria e ergonomia.
António Pontes
João Banha
Poema tridimensional
Baseado nesta actividade, o Clube de Geometria apresentou uma proposta de continuidade do exercício, que o vinculasse a algo tridimensional, e em simultâneo trabalhasse outras competências através da mobilização de diferentes recursos. Assim, foi proposta a construção de uma maquete que representasse a retórica visual em três dimensões. A partir da maquete, os alunos elaboraram registos gráficos rigorosos, a uma escala facultativa e representaram uma planta e um alçado da peça.
Com esta actividade, pretendeu-se que os alunos interpretassem uma narrativa poética nas diferentes linguagens visuais, usassem a expressão plástica como uma arte narrativa, compreendessem e aplicassem com sucesso, o discurso criativo através de figuras da retórica visual. Em simultâneo saber usar técnicas e processos adequados à execução de maquetes tridimensionais.
“Este poema chama-se uma casa”
Para o Joaquim Oliveira Caetano
Este poema escrevo-o para ter tempo de habitar uma casa
Moldar algum barro tocar algumas palavras
Este poema chama-se uma casa
Tem uma porta grossa para transpor devagar
Uma cama antiquíssima e uma hora de calma
Algum calor no ar
Este poema escrevo-o para erguer quatro muros espessos
É uma casa com uma mesa imensa e um pão quente
e o tempo de me habituar
este poema chama-se mágoa e nos seus lábios
eu chamo-me as palavras que te chamam e nos chamam
os muros de uma casa a respirar
Miguel Serras Pereira
Desenhamos a solidão
Sobre a paisagem antiga
Um piano ao fundo
E lenços brancos
A enfeitar o horizonte
É o sonho.
Luís Silva
Maquete de Ricardo Sarmento